PALEOBAT-ES: CALIBRAÇÃO DAS ZONAS PALEOBATIMÉTRICAS COM O QUATERNÁRIO DA BACIA DO ESPÍRITO SANTO

Resumo: As estimativas de paleoprofundidades com base nas associações de foraminíferos bentônicos são tradicionalmente utilizadas na indústria petrolífera desde as décadas de 40 e 50 no Golfo do México. Inicialmente estas estimativas eram baseadas apenas nos limites conhecidos das associações de foraminíferos, o que gerava um alto grau de incerteza da paleobatimetria dos intervalos estudados em subsuperficie. Com o avanço da estratigrafia e consequentemente da bioestratigrafia, o uso de biofácies vem assumindo um grande papel nas interpretações paleobatimetricas, desde ambientes de plataforma até profundidades abissais.
Biofácies tendem a reproduzir a variação do aspecto biológico/fossilífero de um sedimento, cujo uso pode ou não ser restrito a uma unidade litoestratigráfica (Suguio, 1992). Dessa maneira, as biofácies podem marcar um nível cronoestratigráfico bem definido, assim como um ambiente característico de deposição sedimentar (Winge et al., 2001). Análises de biofácies têm se mostrado um método eficiente para aferir a paleobatimetria de bacias marginais no Cenozóico (Lagoe, 1988). A paleobatimetria por sua vez é a interpretação paleoambiental mais amplamente utilizada na exploração do petróleo devido ao seu valor na determinação da história deposicional de uma bacia. As estimativas paleobatimétricas (curvas paleobatimétricas) são usadas na construção de modelos que fornecem estimativas de subsidência e elevação de bacias, e auxiliam na interpretação de modelos deposicionais (Lagoe, 1988).
Como a distribuição das biofácies de foraminíferos bentônicos por faixa de profundidade é caraterística do ambiente marinho onde ocorreu a sedimentação, a ocorrência de uma determinada biofácies ao longo de um registro sedimentar permite reconstituir a (paleo) profundidade. É necessário entender a distribuição de espécies de foraminíferos modernos relacionadas à profundidade que prevalece em uma bacia antes de estimar a paleobatimetria para sedimentos antigos. Os foraminíferos modernos são utilizados para interpretar as associações fósseis usando o princípio da homeomorfia, onde a similaridade morfológica entre espécies extintas e modernas implica em relações ambientais semelhantes (Bandy, 1960). Geocronologicamente, quanto mais próximo ao Recente (Quaternário) uma associação fossilífera estiver, mais fácil e assertivo será reconhecer o seu significado ecológico, devido a boa preservação que os microfósseis normalmente apresentam (Antunes & Melo, 2001), e também a possibilidade de comparação com uma quantidade maior de estudos publicados sobre os oceanos atuais.
Um dos princípios da estratigrafia e dos estudos paleoambientais estabelece que o presente é a chave do passado (Princípio do Atualismo). Assim, pode-se inferir que as preferencias ecológicas das associações de foraminíferos modernos não devam ser muito diferentes daquelas associações fósseis similares de períodos geológicos anteriores. Por isso a importância em estudar a distribuição das associações de foraminíferos do Quaternário, e caracterizar cada biofácies de acordo com o ambiente deposicional atual. Observando a distribuição dos foraminíferos modernos, pode-se prever (ou extrapolar) os intervalos de profundidade de água dos foraminíferos fósseis.
Sendo assim, uma vez que um modelo batimétrico estiver bem estabelecido para a Bacia do Espírito Santo no Quaternário, com base no atualismo, esse modelo poderá ser utilizado como análogo em modelos paleobatimétricos das bacias sedimentares brasileiras em períodos geológicos anteriores, como o Paleógeno e Neógeno. Em adição, um modelo batimétrico com base nas associações de foraminíferos do Quaternário permitirá que seja feita uma análise da confiabilidade dos modelos paleobatimétricos que vem sendo utilizados nas análises paleobatimétricas das bacias marginais brasileiras.
Não obstante, a calibração dos modelos paleobatimétricos com registros estratigráficos se faz com base no entendimento dos processos de sedimentação e na caracterização do paleoambiente. Neste contexto, o talude continental permite a investigação de eventos cíclicos de sedimentação terrígena e carbonática, bem como o entendimento da fonte sedimentar, o que leva a integração de dados de biofácies com dados de litofácies.

Data de início: 01/08/2019
Prazo (meses): 48

Participantes:

Papelordem decrescente Nome
Coordenador ALEX CARDOSO BASTOS
Acesso à informação
Transparência Pública

© 2013 Universidade Federal do Espírito Santo. Todos os direitos reservados.
Av. Fernando Ferrari, 514 - Goiabeiras, Vitória - ES | CEP 29075-910