WHALE-WATCHING NO ESPÍRITO SANTO: O
TURISMO DE OBSERVAÇÃO DE BALEIAS A PARTIR DA
OCEANOGRAFIA SOCIOAMBIENTAL
Nome: PILSEN CA'LÍA
Data de publicação: 26/02/2025
Banca:
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Papel |
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CAMILAH ANTUNES ZAPPES | Presidente |
GILBERTO FONSECA BARROSO | Examinador Interno |
PABLO MEDEIROS JABOR | Examinador Externo |
Resumo: O turismo de observação de baleias, impulsionado pelo aumento populacional da baleia-jubarte
(Megaptera novaeangliae), tem se destacado no sudeste do Brasil, especialmente no Espírito
Santo (ES), como uma atividade de crescente relevância para a conservação ambiental e o
desenvolvimento socioeconômico. Contudo, ainda há lacunas na literatura científica acerca de
sua prática na região. Este estudo tem como objetivo analisar, a partir das percepções de
stakeholders, as formas de uso e interferências socioambientais do turismo de observação de
baleias na região metropolitana costeira do estado do Espírito Santo (ES), sudeste do Brasil. No
período de junho de 2023 a fevereiro de 2024, foram conduzidas entrevistas por meio de
questionários e registros em diário de campo. A análise dos dados envolveu a aplicação de
estatísticas descritivas, Análise de Discurso e Triangulação, com o objetivo de integrar e
confrontar as informações coletadas. Trinta e seis stakeholders foram entrevistados, distribuídos
entre representantes da gestão pública (n=21), da iniciativa privada (n=8) e do terceiro setor
(n=7). Em conformidade com os interlocutores, a atividade, realizada principalmente entre
julho e novembro, apresenta elevado potencial para promover benefícios ambientais,
econômicos e sociais. A maioria dos entrevistados (78%; n=28) reconheceu sua contribuição
para a conservação marinha, o fortalecimento da economia local e a promoção de uma
mentalidade ambiental. No entanto, desafios estruturais e institucionais limitam o
desenvolvimento sustentável da atividade. Entre os principais entraves estão a ausência de
regulamentação específica, lacunas na fiscalização, infraestrutura insuficiente e a falta de
políticas inclusivas, que restringem o acesso, especialmente de pessoas com deficiência, e
intensificam a exclusão social. Apesar dessas limitações, a atividade é valorizada pelos
impactos positivos, como a geração de empregos, o incremento do turismo local e a
sensibilização da população para a importância da biodiversidade marinha. Contudo, a ausência
de normativas específicas e a fragmentação da governança ambiental comprometem a adoção
de práticas responsáveis e a mitigação de impactos adversos, como o estresse em cetáceos e a
sobrecarga da atividade. Para garantir a sustentabilidade é fundamental implementar estratégias
integradas, como a cogestão, envolvendo poder público, iniciativa privada, terceiro setor e
comunidades locais, assegurando o compartilhamento de responsabilidades e a inclusão social.
A partir dos resultados encontrados neste trabalho é recomendada a criação de um marco
regulatório robusto - caracterizado por normativas claras que orientem a prática do turismo de
observação de baleias de forma sustentável -, aliado à capacitação contínua de operadores e
visitantes, além de investimentos em infraestrutura adaptada e monitoramento dos possíveis
impactos da atividade. O turismo de observação de baleias quando gerido de maneira adequada
pode ser uma ferramenta estratégica para a conservação marinha e o desenvolvimento regional,
inclusive do turismo de base comunitária. Por meio de práticas sustentáveis e de ações
coordenadas, a atividade pode equilibrar demandas humanas com a preservação dos
ecossistemas marinhos e a valorização do patrimônio natural e cultural das regiões costeiras