UM PONTO DE ESPERANÇA NA CONSERVAÇÃO DOS PEIXES NO MONUMENTO NATURAL DAS ILHAS CAGARRAS E ÁGUAS DO ENTORNO/RJ
Nome: AUGUSTO ALVES MACHADO
Data de publicação: 18/06/2024
Banca:
Nome | Papel |
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ANA PAULA CAZERTA FARRO DA ROSA | Examinador Interno |
ÁTHILA BERTONCINI ANDRADE | Coorientador |
FERNANDA ANDREOLI ROLIM | Examinador Externo |
LARISSA MARQUES PIRES TEIXEIRA | Examinador Externo |
MAURICIO HOSTIM SILVA | Presidente |
Páginas
Resumo: Áreas marinhas protegidas são espaços delimitados por lei que visam a conservação dos
ambientes marinhos e dos seus serviços ecossistêmicos. Nesse contexto, o Monumento Natural
das Ilhas Cagarras (MONA Cagarras) é uma unidade de conservação de proteção integral
localizada na cidade do Rio de Janeiro, RJ. Devido a sua valiosa riqueza de espécies e
abundância, as Ilhas Cagarras e as águas do entorno foram reconhecidas como um Hope Spot
(Ponto de Esperança) para a conservação marinha mundial. Dentre as formas de vida dessa
região, os peixes são componentes essenciais nas cadeias tróficas marinhas tropicais, sendo
importantes na dispersão de nutrientes e no provimento de alimento e renda para milhões de
pessoas no mundo. Apesar da sua relevância, a fauna de peixes do MONA Cagarras vem
sofrendo com severos impactos, como a poluição, sobrepesca, o lixo marinho, dispersão de
espécies invasoras e outros. Diante disso, esta tese teve o objetivo de avaliar os efeitos do
MONA Cagarras na conservação da fauna de peixes. Neste estudo, durante os anos de 2020 e
2022, foram realizadas amostragens das comunidades de peixes, o lixo marinho, e das espécies
não nativas no MONA Cagarras e nas ilhas do entorno por meio de técnicas não destrutivas.
Neste período, foram realizados 576 censos visuais (UVC) e 288 videos rotacionais
subaquáticos (SRV) dentro e fora da área protegida. Deste modo, este estudo registrou por meio
das amostragens em campo, revisão bibliográfica e dados de desembarque pesqueiro mais de
282 espécies de peixes, incluindo mais de 21 novos registros para a área. Desse total, cerca de
6% são endêmicas da província brasileira e 10,5% se encontram em alguma das categorias de
ameaça da IUCN. Além disso, os resultados destacaram o plástico como uma das principais
ameaças a saúde da fauna de peixes tendo sido a principal categoria encontrada na região. Esse
estudo ainda levantou cerca de 15 espécies não nativas, incluindo quatro novos registros para a
área de estudo. Dentre elas, o Coral-sol foi amplamente reportado nas ilhas amostradas e com
indícios de estar causando efeitos negativos na comunidade de peixes recifais. No entanto,
mesmo diante desse cenário, os valores medianos de riqueza de espécies (8,0 – SRV / 12,0 -
UVC) e densidade (70,74 indivíduos por 100m2 - SRV) de peixes dentro do MONA Cagarras
foram superiores comparando com as ilhas do entorno. O reconhecimento como Hope Spot por
si só, não será o suficiente para proteção dessa área, sendo necessário um trabalho em conjunto
de gestores com os diferentes atores sociais visando a mitigação dos impactos negativos. Por
fim, é esperado que os resultados dessa tese contribuam na melhoria da qualidade ambiental do
MONA Cagarras e que este se torne mais conhecido e valorizado por todas e todos.