VALES INCISOS E SEU PAPEL COMO RECIFES MESOFÓTICOS NA PLATAFORMA CONTINENTAL DO ESPÍRITO SANTO

Nome: NATACHA DE OLIVEIRA
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 25/06/2021
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
ALEX CARDOSO BASTOS Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ALEX CARDOSO BASTOS Orientador
FABIAN SÁ Suplente Interno
HELENICE VITAL Examinador Externo
JACQUELINE ALBINO Suplente Interno
LEILA DE LOURDES LONGO Examinador Externo

Páginas

Resumo: A pressão sobre o ambiente marinho, crescente com o decorrer dos anos, tem levado à estudos para melhor conhecer e assim gerenciá-lo levando em conta fatores ecológicos, ambientais e humanos. Assim, a análise e monitoramento dos sistemas marinhos costeiros e oceânicos, bem como o planejamento espacial para fins de uso e conservação se tornaram questões importantes para avaliar impactos e prover um uso sustentável do ambiente O mapeamento de habitat é baseado em uma análise interdisciplinar do fundo do mar para entender quais são as variáveis dominantes e determinantes que controlam a distribuição dos habitat bentônicos e assim auxiliar em políticas de gestão destessistemas. Neste sentido, este trabalho traz uma análise multi-escalar da Plataforma Continental do Espírito Santo (PCES), com finalidade de identificar os habitats presentes nela e verificar a variação dos mesmos para posterior análise em menores escalas, como na Área de Proteção Ambiental (APA) Costa das Algas e posteriormente mais especificamente nos vales incisos da APA. Na PCES, destacam-se aqui os habitats mesofóticos, caracterizados por comunidades associadas dependentes da luz variando de 30 a 40 m de profundidade e podendo se estender para mais de 150 m de profundidade em regiões tropicais e subtropicais, e responsáveis por aumentar a biodiversidade. Esta tese combinou métodos indiretos como geomorfometria (Benthic Terrain Modeler) e amostragem geoacústica (eco-sonda multifeixe), e métodos de amostragem diretas, sendo estes vídeoimageamento (Dropcams), dados físico-químicos da coluna d´água e cobertura sedimentar (por meio de resultados de trabalhos pretéritos). No decorrer dos capítulos e com a combinação dos métodos supracitados foi possível observar uma grande variedade de classes de habitat, tanto na PCES como concentrados na região da APA Costa das Algas e sobre a área dos vales incisos. Para os três focos de estudo (macro, meso e micro escala), ficou evidente que a morfologia da plataforma derivada das flutuações do nível do mar junto a entrada de sedimentos e as taxas de produção de carbonato definem a heterogeneidade e o padrão de distribuição dos habitat. Quanto mais heterogênea mostrou ser cobertura sedimentar e quanto mais variado o gradiente morfológico, maior foi o potencial das áreas para o desenvolvimento de habitats bentônicos e diversidade bentônica. As principais feições morfológicas proeminentes, principalmente os vales incisos com suas paredes íngremes frequentemente associadas a bancos de recifes originados por bioconstruções carbonáticas e os fundos rugosos, são considerados um legado de regressão e transgressão marinha. Estes vales afogados representam estruturas tridimensionais que podem preservar maior riqueza de biodiversidade mesofótica comparado a um fundo flat, podendo formar mais de um habitat específico na plataforma continental. Junto aos vales, os leitos de rodolitos são considerados habitat mesofóticos importantes, e ambos desempenham funções ecológicas fundamentais para a manutenção da biodiversidade merecendo atenção e requerendo políticas de manejo que visem sua proteção e melhor gestão. Em uma área como a APA Costa das Algas, onde são encontrados diversos habitat e que está susceptível a atividade pesqueira (exploração e explotação de organismos marinhos e algas), extração de nódulos calcários, atividade de mineração (dragagem) e petrolífera (instalação de dutos), o mapeamento aqui realizado pode abrir portas para um subsequente planejamento espacial marinho que englobe e/ou valorizem os habitat de profundidade afim de proteger os recursos vivos dos mesmos.

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