ABSORÇÃO DE CARBONO EM UM MANGUEZAL NO SUDESTE DO BRASIL: PERSPECTIVA DE ANÁLISE DOS SERVIÇOS ECOSSISTÊMICOS
Nome: SÁVIA SOARES PASCOALINI
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 25/09/2019
Orientador:
Nome | Papel |
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MÔNICA MARIA PEREIRA TOGNELLA | Orientador |
Banca:
Nome | Papel |
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ANDREIA BARCELOS PASSOS LIMA GONTIJO | Examinador Externo |
GILBERTO FONSECA BARROSO | Examinador Interno |
MÁRIO LUIZ GOMES SOARES | Examinador Externo |
MÔNICA MARIA PEREIRA TOGNELLA | Orientador |
VIVIANE FERNANDEZ CAVALCANTI | Examinador Externo |
Resumo: Manguezais são sistemas altamente produtivos e representam importantes sumidouros de carbono. Devido a variabilidade estrutural e funcional do ecossistema o presente trabalho tem como objetivo descrever a absorção de carbono em manguezal peri-urbano e sua manutenção baseado na análise estrutural, no armazenamento de carbono na forma de biomassa aérea e pela fotossíntese. O trabalho foi desenvolvido no manguezal do Sistema Estuarino da Grande Vitória em florestas de franja e bacia distribuídas ao longo deste ambiente. A tese é composta por quatro capítulos, o primeiro avalia a diversidade estrutural do manguezal, submetido a tensores considerando a mortalidade, reflexo da degradação florestal e a dominância de espécies, fator importante na estrutura do ecossistema. Houve variabilidade estrutural entre as estações avaliadas e diferenças quanto a composição de espécies. A distribuição de espécies ocorre de acordo com o ótimo ecológico das mesmas, principalmente em termos de concentração de matéria orgânica (MO) no sedimento e salinidade tanto para Laguncularia racemosa (L.) Gaertn quanto para Rhizophora mangle L.. O segundo capítulo avaliou a distribuição diamétrica por meio de funções de densidade probabilística. A função Lognormal descreveu a distribuição diamétrica dos tipos fisiográficos, das estações e de 59% das parcelas, indicando manutenção contínua dos bosques. A função Weibull sugeriu fragilidade dos bosques e da espécie que ela descreve (L. racemosa), além de maturidade. Avicennia schaueriana Stapf & Leechman ex Moldenke está vulnerável as situações impostas em virtude da localização da sua colonização. A função Gamma descreveu locais com desenvolvimento estrutural de intermediário à maduro sob pressão antrópica. O terceiro capítulo aborda a plasticidade ecofisiológica de Rhizophora mangle e alguns de seus fatores controladores, observa-se que MO e disponilidade de radiação incidente e, em menor grau, a salinidade atuam sobre a fotossíntese. A MO contribuiu para melhor desempenho do fluxo de energia relacionado ao transporte de elétrons, os resultados obtidos comprovam que a radiação fotossintética ativa disponível atua principalmente sobre as variáveis de fluorescência. Em relação à salinidade, há danos negativos sobre os centros de reação, mas a plasticidade da espécie em relação ao sal pode ser comprovada pelo aumento na assimilação de carbono e no uso conservativo da água. Quanto aos fatores bióticos controlando a eficiência fotossintética, o teor de clorofila a atua no desempenho das plantas em nível de transferência de elétrons e o PITotal foi relacionado a assimilação fotossintética e ao uso conservativo da água. O último capítulo avalia a distribuição do carbono armazenado nas árvores e verifica as possiblidades de manutenção em cada bosque avaliado. O manguezal do SEGV possui um grande estoque de carbono (88,1 ton. ha-1), comparável às outras regiões do mundo conhecidas pela grande quantidade de carbono armazenado na vegetação. O estoque de carbono na biomassa aérea varia entre tipos fisiográficos e entre bosques dentro do sistema estuarino, o estoque de carbono foi associado matéria orgânica (R = 0,43; p = <0,05) e salinidade (R = -0,30; p = <0,05). Discute-se que a manutenção deste estoque depende das características biológicas das espécies que colonizam as áreas e das condições abióticas do sistema em escala local e regional. Os resultados obtidos reforçam a importância da gestão publica para conservação deste ecossistema em nível de paisagem tendo em vista o benefício econômico provido pelo manguezal ao desempenhar o serviço ecossistêmico de absorção de carbono atmosférico.