Efeitos climáticos em assembleias macrobentônicas de um estuário tropical da Ecorregião marinha Leste do Brasil
Nome: LUIZ EDUARDO DE OLIVEIRA GOMES
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 20/04/2017
Orientador:
Nome | Papel |
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ANGELO FRAGA BERNARDINO | Orientador |
Banca:
Nome | Papel |
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ANGELO FRAGA BERNARDINO | Orientador |
JEAN-CHRISTOPHE JOYEUX | Examinador Interno |
Resumo: Estudos sugerem que a macrofauna bentônica em sedimento inconsolidado deve responder, através de mudanças estruturais em suas assembléias, a eventos climáticos que afetem a precipitação, temperatura e produção primária estuarina. Porém, poucos estudos avaliaram escalas temporais sazonais dessas respostas, especialmente em estuários tropicais no Brasil. Dessa forma, este estudo objetivou: i) Analisar mudanças nas assembléias bentônicas do entre-marés durante um ano e ii) verificar a relação entre mudanças nas assembléias com variações de salinidade, pluviosidade e temperatura no estuário. As amostragens foram feitas no Estuário do rio Piraquê-Açú uma vez por mês em duas estações localizadas nas zonas euhalina e polihalina. Variações sazonais foram testadas entre os períodos seco (Maio a Setembro de 2015) e chuvoso (Outubro de 2015 a Janeiro 2016). O sedimento foi predominantemente composto por lama/silte em ambas as zonas halinas, sendo significativamente diferente sazonalmente (período chuvoso e seco), com maiores variações no período chuvoso (36 a 90%) que no seco (62 a 74%). O conteúdo de matéria orgânica total foi significativamente diferente sazonalmente, variando de 5 a 28 % no período chuvoso e de 4 a 11 % no período seco. A precipitação total mensal (mm) variou de 13 a 165 mm no período seco e 20 a 106 mm no chuvoso, o período seco apresentou maior média total que o chuvoso (75,2 e 49, respectivamente), enquanto a salinidade foi mais estável no período seco (26,2 a 33,5) que no chuvoso (22,4 a 35,5). A densidade da macrofauna foi maior no período seco (2191 ± 1061 ind.m-2 ) que no chuvoso (1231 ± 727 ind.m- 2 ), variando significativamente sazonalmente. O táxon dominante em escala espacial e temporal foi Magelonidae (>35 e >38%, respectivamente), a composição dos táxons dominantes variou em escala temporal, onde Solecurtidae só ocorreu no período chuvoso e Capitellidae apresentou maior abundância relativa no período chuvoso que no seco; por sua vez, no período seco Spionidae e Paraonidae apresentam maior abundância relativa que no chuvoso. As zonas salinas são similares, de acordo com a análise de componentes principais (PCA). Densidade (m2 ), pluviometria (mm) e tamanho do sedimento (%) foram significativos para explicar diferenças temporais na abundância e composição da macrofauna. A estrutura estuarina contribui para a composição das assembléias bentônicas, mudanças na estrutura das assembléias ocorrem como reflexo a alterações ambientais (ex. pluviométrica e sedimentar), uma vez que essas variáveis influenciam diretamente a salinidade e estrutura do habitat. Tais mudanças podem afetar as funções ecossistêmicas, podendo ter implicações futuras para o ambiente e sistemas próximos.