O uso do hábitat por juvenis do Mero Epinephelus itajara (Lichtenstein, 1822) (Perciformes: Epinephelidae) no estuário do Rio Cricaré, norte do Espírito Santo

Nome: RODRIGO AUGUSTO MORENO SANTOS
Tipo: Dissertação de mestrado acadêmico
Data de publicação: 05/08/2022
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
MAURÍCIO HOSTIM SILVA Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
JEAN-CHRISTOPHE JOYEUX Examinador Interno
JOELSON MUSIELLO FERNANDES Suplente Externo
MATHEUS OLIVEIRA FREITAS Examinador Externo
MAURÍCIO HOSTIM SILVA Orientador

Resumo: O Mero Epinephelus itajara é um peixe recifal estuarino-dependente que habita o Oceano Atlântico de forma descontínua e que se encontra criticamente ameaçado de extinção no Brasil. A espécie é considerada de ocorrência rara, apresentando a fase juvenil associada a ambientes estuarinos, principalmente manguezais, ao passo que na fase adulta a espécie vive associada a ecossistemas recifais rochosos e coralíneos e estruturas artificiais como plataformas de petróleo e naufrágios. O Brasil possui legislação específica que protege a captura e comercialização do Mero desde 2002, porém, toneladas de indivíduos continuam sendo capturadas na extensa costa brasileira mesmo após a proibição. Neste cenário de iminência à extinção, o presente estudo buscou compreender importantes aspectos ecológicos sobre a fase juvenil da espécie no estuário do Rio Cricaré, no norte do Espírito Santo (sudeste do Brasil). O estudo teve como principais objetivos: 1. Registrar a ocorrência de juvenis de Mero; 2. Verificar a ocorrência de recapturas de indivíduos ao longo do tempo; 3. Determinar a relação comprimento-peso e o padrão de crescimento dos juvenis; 4. Investigar a existência de habitats preferenciais no estuário; 5. Determinar como as variáveis abióticas da água influenciam a presença/ausência de juvenis na área de estudo. Os indivíduos foram coletados em campanhas de campo realizadas durante 35 meses entre os anos de 2015, 2018, 2019, 2021 e 2022 com a utilização de armadilhas do tipo covo, além do recebimento de indivíduos incidentalmente capturados por pescadores (as) artesanais locais. Os indivíduos tiveram dados biométricos coletados (comprimento total, comprimento padrão e peso) e os indivíduos maiores que 10 cm foram marcados com pit tags contendo numeração única inseridas via subcutânea para obtenção de dados sobre marcação-recaptura. A pesquisa apontou a ocorrência de 305 capturas de juvenis na área de estudo, apresentando comprimento total entre 5.4 a 50.5 cm, dos quais 148 indivíduos foram marcados com pit tags. A taxa de recaptura de indivíduos no estuário foi de 11.5% (n = 17) e a relação comprimento-peso dos juvenis (n = 265) resultou em um padrão de crescimento alométrico negativo (b = 2.876). O teste de Kruskall-Wallis corroborou a hipótese de que os juvenis não se encontram distribuídos aleatoriamente no estuário e o teste post hoc de Dunn evidenciou que juvenis possuem preferência por ambiente lagunar aberto (largura máxima = 320 m) em detrimento aos ambientes de riacho médio (largura máxima = 40 m) e riacho estreito (10 m). A abordagem de Modelos Lineares Generalizados (GLM) reafirmou a hipótese de que os juvenis não encontram-se aleatoriamente distribuídos no estuário, contudo não identificou influência significativa das variáveis abióticas (pH, temperatura, profundidade, salinidade e oxigênio dissolvido) sobre a presença de juvenis nos três diferentes ambientes coletados. Apesar disso, o presente trabalho registrou que os juvenis de Mero possuem tolerância a concentrações de oxigênio dissolvido muito baixas (<1 mgL-1) e grande amplitude de salinidade (1.5 a 30.7 ppt). De acordo com a abundância de juvenis e a ocorrência de recapturas de indivíduos ao longo do tempo na mesma área, o presente trabalho sugere que o estuário do Rio Cricaré atua como importante berçário para a espécie e que os juvenis apresentam fidelidade ao habitat e, neste contexto, compreender o uso do habitat por juvenis em manguezais é uma estratégia importante para apoiar ações que visem a conservação do Mero no Brasil, uma vez que a fase juvenil é uma fase crítica para a continuidade do ciclo de vida da espécie.

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